quinta-feira, 21 de junho de 2012


Gente, professores e funcionários convidaram pais do Ensino Fundamental para explicar por que professores, funcionários e os alunos do Pedro II (em assembleia própria, na segunda-feira) aderiram à greve nacional. Estive lá ontem, e trago um relato a vocês.
Um resumo da atual realidade do colégio:
O quadro docente do Pedro II tem 940 professores, sendo que 250, quase um terço deles, são temporários, contratados avulsos para suprir a falta de concursos. É gente capacitada, mas que vai embora no meio do ano letivo, ou porque o contrato acaba ou porque não aguenta o tranco, deixando as turmas sem aula de matemática por meses, até que se tape o buraco com outro temporário, e assim vai.
Isto se agrava com o número crescente de vagas abertas por aposentadoria - é uma instituição antiga e o quadro só faz envelhecer, sem renovação - e com a expansão da rede, estimulada pelo governo federal.
O Pedro II não se resume mais às tradicionais do Centro, São Cristóvão e Humaitá. São hoje 14 unidades. Mas a política de expansão só investe em prédios. A estrutura humana é a mesma para atender às 14 unidades Pedro II, espécie de franquia de boa escola pública.
No campus Realengo, de toda a equipe docente, apenas dois (2) são concursados. De 17 contratados temporários, sete deixaram as turmas no meio do caminho.
O sucateamento atinge ainda o quadro de funcionários. Técnicos administrativos cuidam de planilhas só quando não estão no pátio, porque não há inspetores, assistentes de professores, vigias.
Enquanto servidores do município e de qualquer empresa têm reajuste anual para pagar a inflação, os federais da educação não têm data-base, que garantiria a reposição de perdas. Então, veem subir o aluguel, o pão, o ônibus, a mensalidade escolar com o mesmo salário no fim do mês.
Depois de negociação no ano passado, após 52 dias de greve, o governo se comprometeu a criar finalmente o plano de carreira, dar 4% de reajuste no salário-base e abrir concursos para contratar novos professores e funcionários. Mas o acordo não foi cumprido e nada mudou. Se o governo não assinar estas medidas até agosto, não poderão entrar em vigor para o ano que vem.

A greve de professores e funcionários foi decidida por votação. Com crise de consciência por saber que, parando as escolas, quem sai mais prejudicado é o aluno, mas admitindo não ter outra ideia melhor, os professores e funcionários buscam mobilizar a sociedade, NÓS, para que o governo atenda às justas reivindicações, e esperam nosso apoio.
Na próxima terça, dia 26, há outra assembleia, na unidade São Cristóvão, às 9h. Podemos participar, apesar de não termos direito a voto, expressando nossa angústia e dando sugestões para que a negociação ande rápido - escrevendo pros jornais, nas redes sociais, cobrando os deputados federais, o ministro Mercadante, a presidente Dilma, mobilizando o maior número possível de pessoas numa Primavera da Educação.
O movimento é nacional, está forte, então a essa altura nos cabe pôr a boca no trombone pra ajudar. Ações possíveis:
  • Participar de atos públicos
  • Mandar cartas aos jornais
  • Fazer barulho nas redes sociais
  • Ligar para a Ouvidoria do MEC
  • Escrever para os deputados federais
  • Organizar abaixo-assinados
Professores e funcionários reconheceram e pediram desculpas por não terem nos mobilizado e informado antes, e criaram um blog para divulgar notícias da mobilização - http://pedrinhohumaita.blogspot.com.br/
Hoje haverá Ato Unificado da Educação, na Grande Marcha da Cúpula dos Povos, saindo às 13h da Rua Primeiro de Março (Assembleia Legislativa, em frente ao Menezes Cortes), rumo à Candelária (lá, às 15h). Convocam a participação de todos, usando roupas pretas.

O PII Humaitá está com 70% de adesão à greve - incluindo todas as turmas de 1o ano. No ano passado, o Pedrinho manteve as aulas, mas marcou atos e acreditava na participação dos pais, que não apareceram. Na reunião de ontem havia pelo menos 100 pessoas, incluindo professores que votaram contra a greve, e o clima natural de apreensão e cobrança pela volta às aulas foi dando lugar a um compromisso geral de mobilização, de "o que podemos fazer para ajudar", enquanto eles se comprometeram, além da reposição das aulas, acolher as crianças na volta e minimizar as perdas.
Acredita-se que, com a força do movimento nacional, esta seja curta.
As aulas serão repostas. Assim que terminar professores e direção vão fazer o calendário de reposição, e seremos informados. 
Sobre a aprendizagem: alfabetização é um processo que não termina em um ano. O que as crianças aprenderam não se perde, e devemos estimular que leiam, façam as atividades aos poucos, palavras cruzadas, continuem estimulados. 
Sobre férias: impossível prever quanto tempo vai durar a paralisação, é uma greve nacional. Podemos acompanhar a evolução pela imprensa, pelo blog. As assembleias gerais determinam a continuação ou fim da greve. A próxima assembleia é terça, dia 26. 
Festa junina: a ideia da diretora é adiar para agosto, disse a Marialda na reunião que tivemos sobre entrada e saída. 
Vamos usar os canais de que dispomos pra que nossos filhos voltem logo para a sala de aula, e que a escolha que fizemos por uma educação pública de qualidade seja garantida. Um abraço a todos!
Itala

Nenhum comentário:

Postar um comentário