Elementos que indicam a precarização das
relações de trabalho no Colégio Pedro II em decorrência da Expansão do Colégio.
1 – A relação entre professores substitutos ou
temporários e o número total de professores é muito maior nas unidades Realengo
e Duque de Caxias, superando um terço do total de professores. É preciso
destacar que nesta relação estão inseridos também todos os cargos de direção e
coordenação que são ocupados por professores efetivos. Ou seja: em sala de
aula, a relação é ainda pior.
Unidade Centro (6º ano até o Ensino Médio): 10
substitutos em um total de 82 professores (12,2%)
Duque de Caxias (Ensino Médio) 11 substitutos
em 29 professores (37,9%)
Engenho Novo I (1º ao 5º ano do Ensino
Fundamental): 10 em 61,5 (16,3%)
Engenho Novo II (6º ano até o Ensino Médio):
26 em 117 (22,2%)
Humaitá I (1º ao 5º ano do Ensino
Fundamental): 6 em 61 (9,8%)
Humaitá II (6º ano até o Ensino Médio): 23,5
em 122 (19,26%)
Niterói (Ensino Médio): 8,5 em 47,5 (17,89%)
Realengo I (1º ao 5º ano do Ensino Fundamental):
10 em 28 (37,5%)
Realengo II (6º ano até o Ensino Médio): 34,5
em 108 (31,9%)
São Cristóvão I (1º ao 5º ano do Ensino Fundamental): 10 em
108,5 (9,2%)
São Cristóvão II (6º ao 9º ano do Ensino
Fundamental): 22,5 em 89 (25,6%)
São Cristóvao III (Ensino Médio): 17,5 em 121
(14,5%)
Tijuca I: 9 em 59,5 (15,1%)
Tijuca II: 22 em 119,5 (18,4%)
Total: 221 em 1153 (19,1%)
Nota: alguns números aparecem fracionados
porque a comparação é feita considerando professores que trabalham em regime de
40 horas. Como temos no Colégio professores contratados para regime de 20
horas, esses são considerados 0,5.
Fonte destes dados: relatório oficial das
contas públicas de 2011 do Colégio, disponível em http://www.cp2.g12.br/contas_publicas/contas_2011/Relatorio%20de%20Gestao%202011.pdf
2 – Em 2011 a expansão da precarização
continuou. Por ocasião da inauguração da Educação Infantil (crianças de 4 e 5
anos) em Realengo, a Diretora Geral Vera Maria fez um discurso onde admitia:
Hoje há 2.115 alunos matriculados em 70 turmas
das duas Unidades Escolares [de Realengo], em cursos que vão desde a Educação
Infantll de 4 e 5 anos – primeira Unidade a contar com essa faixa etária,
antecipando-se à previsão legal, passando pelo Ensino Fundamental quase
completo – só nos falta o 5º ano, que será atingido em 2013 com a consolidação
da Unidade I e chegando ao Ensino Médio Regular e Integrado. Para atender a
esse universo discente, que vai dos 4 aos 60 anos, por vezes até os 80 anos,
contamos com 184 professores e 50 servidores técnico-administrativos. É uma
valorosa e competente equipe, liderada com entusiasmo e dedicação pelos dois
Diretores e respectivas equipes. Temos consciência de que precisamos de
mais servidores docentes e técnicos para manter, não só aqui, mas em todas as
Unidades Escolares que integram o Colégio Pedro II, a oferta de ensino público
de massa e de qualidade do qual tanto nos orgulhamos. Mas estamos confiantes
que, em breve, com a aprovação do PL 2134/2011, para cuja conclusão sabemos do
empenho pessoal de Vossa Excelência, teremos não só a tão sonhada lei
equiparando o Colégio Pedro II aos Institutos Federais, concedendo-lhe a
estrutura correspondente à sua importância no panorama educacional brasileiro,
como também a criação de 300 cargos docentes e 320 cargos
técnico-administrativos, permitindo que realizemos concursos nos próximos anos,
até 2014, pondo fim a um longo e sofrido período de carência de recursos
humanos.
Ou seja, sem no final de 2011 havia 136
professores e em maio deste ano a Diretora informa a existência de 184
professores, sem que tenha ocorrido qualquer concurso, a situação obviamente
piorou. A implantação da Educação Infantil ocorre nesse contexto. Importante
notar também a presença de apenas 50 técnicos para 2.115 alunos. Estes técnicos
exercem funções de secretaria, orientação educacional e de inspetores, entre
outras.
3 – No final de 2011, o Colégio estava próximo
de 20% de contratos temporários. Algumas unidades já ultrapassaram esse teto. A
forma que o governo encontrou para resolver isso foi criar uma divisão entre
professores substitutos e temporários, como admite um comunicado da própria
direção:
Portanto, a diferença existente é para a
Instituição: enquanto o professor substituto, para ser contratado, necessita
que haja um código de vaga docente correspondente a uma vacância ou a um
afastamento previsto em lei, e seu quantitativo total não pode ultrapassar 20%
(vinte por cento) do total de docentes efetivos em exercício na Instituição,
para contratar um professor temporário não há essas exigências, posto que ele é
admitido para atender à expansão das Instituições Federais de Ensino. Esta é
exatamente a situação do Colégio Pedro II, que vem passando por um processo de
expansão, desde 2004, com a criação de quatro novas Unidades Escolares sem que
tenham sido criados novos cargos docentes ou técnicos, apesar de todos os
esforços das antigas e da atual Direção-Geral, porque, para que isso aconteça, é
preciso um projeto de lei modificando a estrutura do Colégio e criando os
cargos e funções necessários. Esse projeto, elaborado pela Instituição e
apreciado pelo MEC, encontra-se há mais de um ano no MPOG.
A própria escola admite que a expansão
ocorrida desde 2004 ocorreu sem a criação das vagas necessárias!
O dado mais recente mostra que o número de
professores (Docentes) contratados corresponde hoje a 21,3% do total:
A Autarquia Federal Colégio Pedro II
possui atualmente em seu
Quadro funcional cerca de 1680 servidores ativos, entre
docentes e técnico-administrativos. Integram também sua força de trabalho 251
professores contratados (contrato temporário).
Quadro I - Força de
Trabalho.
|
|
DOCENTES EFETIVOS
|
928
|
DOCENTES CONTRATADOS
|
251
|
TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS
|
752
|
FORÇA DE TRABALHO
|
1931
|
Mês base: JUNHO 2012
Para fins de comparação, em 2009 o percentual
de contratados em relação aos efetivos era de 17,9%
Fonte:
4 – Muito importante: O Projeto de Lei citado
aqui algumas vezes (PL2134/2011 que se tornou o PLC 36/2012) foi fruto da greve
de 52 dias no ano passado. Tramitou lentamente pela Câmara Federal desde então
e, “curiosamente” acelerou seu passo depois que as Universidades entraram em
Greve e a Educação básica federal ameçou fazer o mesmo. Espera atualmente
sanção da Presidente Dilma. A questão aqui está em saber quando será sancionado
e quando os concursos serão realizados, já que estabelece um prazo de até
quatro anos para que as 300/320 vagas sejam ocupadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário